quarta-feira, 20 de maio de 2009

Etnometodologia e Garfinkel

Harold Garfinkel nasce em 1917 e em 1967 publica “Estudos em Etnometodologia”. Foi professor da UCLA e fez Doutoramento em Harvard; Trabalhou com Schutz, teve influência de Parsons, seu professor.
Os enfoque da Etnometodologia passava pela análise do uso da razão prática, percepção das estruturas sociais como “ambientes normais, a análise do “conhecimento de senso comum, conjunto de práticas e considerações pelo meio das quais os membros de uma sociedade justificam os seus actos de forma a perceber as tipificações ou normalizações, como características do senso comum. O seu objecto era a organização do quotidiano, fazendo defesa do uso do conceito de “facto social” como “fenómeno sociológico fundamental", sendo contudo, uma produção do grupo. Neste autor percebe-se a influência de Schutz nomeadamente quando invoca o primado da rotina, do irreflectido, da relação do membro com o grupo. Os seus objectivos eram perceber as práticas organizadas que produzem estruturas de pequena e larga escala, as contingências definidas como normais e as tarefas criadoras de instituições e manutenção da ordem, perceptíveis nos relatos e conversas, que devem ser analisadas. Neste sentido, privilegiava-se o estudo da conversa, como interacção que revela propriedades estáveis e ordenadas que são as realizações analisáveis dos dialogantes e optava-se pela indiferença metodológica, procurando analisar segundo os termos locais de interpretação de práticas e não proferir juízos morais. Assim, a preocupação central era perceber como é que os indivíduos reconhecem, produzem e reproduzem as suas acções e estruturas sociais, analisando as circunstâncias de produção de acções e a intersubjectividade, caracterizadas por uma forte carga empírica e pela análise do campo linguístico, um recurso fundamental usado na acção social.
Obviamente que seria necessária uma recolha exaustiva de dados, conferir importância dos detalhes na compreensão do todo, considerar que as conversas possuem autonomia e são separadas dos processos cognitivos e contextuais e, além disso, possuem organização sequencial. Se para Talcot Parsons a vida social é feita de adaptações ao que nos é dado e as acções subjectivas visam a integração em estruturas normativas, para Garfinkel a vida social é feita de procura de objectivos.
Numa nova teoria da acção, o senso comum é uma forma particular de racionalidade e assume o seu primado, pelo que estudo das propriedades do senso comum prático que interpreta situações mundanas de acção, percebendo as suas motivações e sistematizando as suas propriedades de razão e acção prática, é a chave.
Influenciado por Alfred Schutz, Garfinkel percebeu que na interacção existe reciprocidade de perspectivas, existe mutualidade na inteligibilidade das actividades quotidianas, que se alcançam e mantêm, que os actores sabem mutuamente o que estão a realizar e que os significados são uma construção social realizada em conjunto. Assim, o estudo das propriedades da acção, indicam que o actor não só responde ao conhecimento percebido como à normalidade desse comportamento, que a acção tende a ser conduzida para a normalidade. Além disso, as normas são recursos para a manutenção da inteligibilidade de um campo de acção que parte da persistência das expectativas normativas. Resumindo, pode-se concluir que a acção é multifacetada, que a acção é contexto e altera-se no seu curso, que as normas são elásticas, revogáveis e ajustadas de acordo com a sua aplicação em diversificados contextos e se apresentam como recursos cognitivos, pois avaliam o desvio e a norma

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