segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Para consultar

Já conhecem a página da Associação Portuguesa de Demografia? Aqui está!

Congresso Sociologia Taiwan (para quem quiser ir)



Preliminary List of Presenters and Paper Titles:


KEYNOTE ADDRESS

Michel Wieviorka: "Sociological Intervention in an Unequal World."



THEME #1: Facing the hegemony of northern sociologies, and assessing alternatives that have emerged in different parts of the world (including the north itself) in response to that hegemony.

Abaza, Mona (Egypt): The absence of the social sciences in Egypt

Achwan, Rochman (Indonesia): The Contestation of Mainstream and Alternative Public Sociology in Indonesia

Alatas, Syed Farid (Singapore*): The Hegemony of Northern Sociologies and Overcoming Academic Dependency

Al-Naqeeb, Khaldoun (Kuwait): Neo-Primordialism as a problem for third world sociology

Connell, Raewyn (Australia ): Antipodes: Australian sociology's struggles with place, memory, and neoliberalism

Crothers, Charles (New Zealand): Producing a semi-peripheral Sociology under 'neoliberal' institutional funding structures: the New Zealand case

Moghadam, Valentine M. (USA*): Provincialism and Exceptionalism: American Sociology and the Middle East

Mucha, Janusz (Poland): Sociology in Eastern Europe or Eastern European Sociology: Historical and Present

Supervielle, Marcos (Uruguay): Dilemma or false dilemma in the third world: social and eocnomic efficiency or reduction of social exploitation

Tavares Dos Santos, José Vicente (Brazil*): The Hard Dialogue between American Criminology and Latin American Sociology of Violence: Why Micro-Models can not explain Structural Violence



THEME #2: The significance of the global concentration of material resources (journals, research funds, etc.) and symbolic resources (language, intellectual traditions, etc.)

Chang, Mau-kuei, Ying-hwa Chang, and Chih-chie Tang (Taiwan*): Historical Formation and Institutionalization of Sociology in Taiwan

Hanafi, Sari (Palestine): Impact of Western Funding System on Social Sciences’Research in the Arab East: The Dilemma of the Research Centers External to Universities

Machimura, Takashi (Japan): Doing Sociology in Native Language in Globalizing World: Thinking about its significance and difficulty in Japan

Palermo, Alicia Itatí (Argentina): Publishing sociology cientific journals in Argentina: problems and challenges

Velástegui Bahamonde, Napoleón (Ecuador): Regionalization: The Current Phase of Globalization

Scott, Sue (United Kingdom): What does it mean to benchmark sociology internationally?



THEME #4: The increasing pressures for policy relevant research and its implications for sociology.

Blok, Anders and Kristoffer Kropp (Denmark): Mode-2 sociologies in Denmark? Institutional and cognitive responses to increasing pressures for policy-relevant research

Fotev, Georgy (Bulgaria): Value-free Sociology: Withstanding Political Pressures

Guliyev, Rufat (Azerbaijan): Sociology Investigates the Influence of Foreign Investment on Social Policy in Azerbaijan

Hetzler, Antoinette (Sweden): The Welfare State and Welfare Sociology - Sociology as an Instrument of Political Power

Lango , Patricio (Mozambique): Poverty Fighters in Academia:The Subversion of the Notion of Socially Engaged Science in the Mozambican Higher Education System

Sa’ad, Abdul-Mumin (Nigeria*): Globalisation, Sociological Research And Public Policy In Nigeria: A Critical Analysis of the Relevance of Criminological Research to the Development Needs of Nigeria.

Sulkunen, Pekka (Finland): The Relevance of Relevance. Social Science and Social Practice in Post-positivistic Society

Uys, Tina (South Africa*): Academic freedom at any price? An exploration of academic enclaves and academic citizens in new South African sociology'



THEME #5: Teaching sociology in a globalizing world -- who are our students and what should we teach them, and how?

Bednárik, Rastislav (Slovakia): Challenges to Teaching Sociology in Slovakia posed by entry into the European Union

Onyeonoru, Ifeanyi P. (Nigeria): The Challenge of Teaching Sociology in a Globalising South: Between Indigenization and Emergent Structures

Tadele , Feleke (Ethiopia): Recent Economic Growth, Emerging Social Inequalities and Wellbeing in Ethiopia: The implications for Sociological Research and Training.



THEME #6: How inter-national inequalities shape intra-national inequalities and thereby pose specific challenges to the practice and development of robust national sociologies?

Carillo, Jorge and Clemeente Ruiz (Mexico): Multinational Corporations in Mexico: Strategies and their linkages with SMEs

Chauvel, Louis (France*): The Increasingly dominated fraction of the dominant class : how the French cultural capital based middle classes face a backlash

Dwyer, Tom (Brazil): Inequality research in Brazil - the dialogue between the local and the global

Hettige, Siri (Sri Lanka): Sociological Enterprise at the Periphery: the Case of Sri Lanka

Koc, Mustafa (Turkey): Sociology of the Silenced or Silencing Sociology

Modi, Ishwar (India): Indian Sociology and Social Equality: Emerging Challenges

Smooha, Sammy (Israel): The Challenges for Sociology in Israel as a Deeply Divided and Western-Oriented Society

Utasi, Ágnes (Hungary): Effects of Human relationships on the Subjective Quality of Life



THEME #7: The possibility of sociologies-from-below based on local, national and regional specificities as well as those based on gender, class and ethnicity.

Baptista, Luís (Portugal): Our (scientific) Community and Our Society: rethinking the role and dilemmas of national sociological associations- the Portuguese case

Bergman, Max (Switzerland): The Challenges and Opportunities of Sociology in Switzerland: Is there a Swiss Sociology or Are We Stuck between German, French, and English-language Sociologies?

Fleck, Christian (Austria): Diversity or Fragmentation in Europe's Sociology: Lessons to be Learned?

Ghaneirad, Mohamad Amin (Iran): A Critical Review of Iranian Attempts for the Development of Alternative Sociologies

Mansurov, Valery (Russia): Instituionalization of Sociology and Professionalization of Sociologists in Russia

Mapadimeng, Mokong Simon (South Africa): The South African sociology, current challenges and future implications

Porio, Emma (Philippines*): Public Sociology in the Philippines: Possibilities for Alternative Discourses and Practices

Sato, Yoshimichi (Japan*): Are Asian Sociologies Possible?: Universalism versus Particularism

Subirats, Marina (Spain): Facing a globalizing world: some suggestions for a global sociology

Vu , Hao-Quang (Vietnam): Vietnamese Farmers Face the WTO: Implications for Sociology



CLOSING REMARKS

Michael Burawoy (USA*): Challenges for Sociology in an Unequal World

Boaventura de Sousa Santos (meu antigo professor) condecorado pelo Governo Brasileiro


O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, director do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, foi condecorado pelo Governo Brasileiro com a Gran-Cruz da Ordem do Mérito Cultural de 2009.

Criada em 1995, esta é a mais alta comenda do Governo Brasileiro atribuída a personalidades e instituições que se destacam pelas suas contribuições à Cultura brasileira e mundial.

Ao longo de 14 anos, a Ordem do Mérito Cultural foi atribuída a várias personalidades de renome brasileiras e estrangeiras, entre elas destacam-se o escritor Jorge Amado, o arquitecto Óscar Niemeyer, Roberto Marinho, fundador da TV Globo e Carlos Lopes, actual Director-Geral da UNITAR.

Além de Boaventura de Sousa Santos, a comenda foi também atribuída em edições anteriores a destacadas personalidades da cultura portuguesa, entre elas Agostinho da Silva, filósofo falecido em 1994 e Maria João Bustorff, ex-Ministra da Cultura.

Na sua actividade enquanto sociólogo, Boaventura de Sousa Santos tem vindo a trabalhar de muito perto com várias instituições académicas e estatais brasileiras.

Entre as colaborações mais recentes destaca-se a que junta o Observatório Permanente da Justiça Portuguesa, sediado no CES e coordenado por Boaventura, e o Ministério da Justiça Brasileira, com vista à criação de um Observatório da Justiça no Brasil.

A parceria entre o CES e a Universidade Federal de Minas Gerais contribuiu para a criação do CES-América Latina, instituição científica inspirada no modelo do CES-Coimbra, e para o estabelecimento do primeiro doutoramento internacional do CES.

Boaventura tem sido também um dos principais promotores e participantes do Fórum Social Mundial, cuja edição inaugural foi realizada em Porto Alegre, Brasil em 2001.

A condecoração será entregue pelo Presidente Lula da Silva no dia 25 de Novembro de 2009 no Rio de Janeiro.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Dúvida na aula

Na última aula surgiu uma dúvida relacionada com a tradução de conceitos para português do Brasil. Vamos então por partes.O nome ETNOMETODOLOGIA surge por associação a conceitos vizinhos onde o ETNO pontifica. Segundo o Dicionário da Porto Editora, significa elemento de formação de palavras que exprime a ideia de povo, raça, nação e é subsidiário do grego "éthnos" que significa o mesmo. Garfinkel usa-o para fazer alusão ao saber quotidiano da sociedade, o conhecimento que está ao dispor do actor social. Este saber possui três qualidades, e aqui surge a dúvida da tradução. Mas traduzam e usem os conceitos desta forma:
1- REFLEXIVIDADE - capacidade de descrição das actividades pessoais, procedimentos e métodos. Neste aspecto, o saber do sociólogo é o saber primitivo do actor social;
2- DESCRIÇÃO - as práticas descrevem-se e encontram-se directamente ligadas à consciência individual;
3- INDEXALIZAÇÃO / INDEXICABILIDADE - a linguagem utilizada pelo actor está indexada (INDEXAR significa colocar num índice ou lista ordenada, registar (dados) numa lista, geralmente organizada por ordem alfabética) à situação, às práticas sociais, para as tornarem inteligíveis. Esta é uma caracteristica da linguagem vulgar e das práticas sociais, relacionadas entre si.

Fui claro???
Se precisarem de esclarecer mais dúvidas, digam.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Etnometodologia e Garfinkel

Harold Garfinkel nasce em 1917 e em 1967 publica “Estudos em Etnometodologia”. Foi professor da UCLA e fez Doutoramento em Harvard; Trabalhou com Schutz, teve influência de Parsons, seu professor.
Os enfoque da Etnometodologia passava pela análise do uso da razão prática, percepção das estruturas sociais como “ambientes normais, a análise do “conhecimento de senso comum, conjunto de práticas e considerações pelo meio das quais os membros de uma sociedade justificam os seus actos de forma a perceber as tipificações ou normalizações, como características do senso comum. O seu objecto era a organização do quotidiano, fazendo defesa do uso do conceito de “facto social” como “fenómeno sociológico fundamental", sendo contudo, uma produção do grupo. Neste autor percebe-se a influência de Schutz nomeadamente quando invoca o primado da rotina, do irreflectido, da relação do membro com o grupo. Os seus objectivos eram perceber as práticas organizadas que produzem estruturas de pequena e larga escala, as contingências definidas como normais e as tarefas criadoras de instituições e manutenção da ordem, perceptíveis nos relatos e conversas, que devem ser analisadas. Neste sentido, privilegiava-se o estudo da conversa, como interacção que revela propriedades estáveis e ordenadas que são as realizações analisáveis dos dialogantes e optava-se pela indiferença metodológica, procurando analisar segundo os termos locais de interpretação de práticas e não proferir juízos morais. Assim, a preocupação central era perceber como é que os indivíduos reconhecem, produzem e reproduzem as suas acções e estruturas sociais, analisando as circunstâncias de produção de acções e a intersubjectividade, caracterizadas por uma forte carga empírica e pela análise do campo linguístico, um recurso fundamental usado na acção social.
Obviamente que seria necessária uma recolha exaustiva de dados, conferir importância dos detalhes na compreensão do todo, considerar que as conversas possuem autonomia e são separadas dos processos cognitivos e contextuais e, além disso, possuem organização sequencial. Se para Talcot Parsons a vida social é feita de adaptações ao que nos é dado e as acções subjectivas visam a integração em estruturas normativas, para Garfinkel a vida social é feita de procura de objectivos.
Numa nova teoria da acção, o senso comum é uma forma particular de racionalidade e assume o seu primado, pelo que estudo das propriedades do senso comum prático que interpreta situações mundanas de acção, percebendo as suas motivações e sistematizando as suas propriedades de razão e acção prática, é a chave.
Influenciado por Alfred Schutz, Garfinkel percebeu que na interacção existe reciprocidade de perspectivas, existe mutualidade na inteligibilidade das actividades quotidianas, que se alcançam e mantêm, que os actores sabem mutuamente o que estão a realizar e que os significados são uma construção social realizada em conjunto. Assim, o estudo das propriedades da acção, indicam que o actor não só responde ao conhecimento percebido como à normalidade desse comportamento, que a acção tende a ser conduzida para a normalidade. Além disso, as normas são recursos para a manutenção da inteligibilidade de um campo de acção que parte da persistência das expectativas normativas. Resumindo, pode-se concluir que a acção é multifacetada, que a acção é contexto e altera-se no seu curso, que as normas são elásticas, revogáveis e ajustadas de acordo com a sua aplicação em diversificados contextos e se apresentam como recursos cognitivos, pois avaliam o desvio e a norma

A propósito do Caso Agnés de Garfinkel

Jornal Público
Domingo, 12 de Março 2006


Nuno espera belo novo "BI" para casar

As crises de identidade atacam nas diversas fases da existência - na infância, na adolescência, na vida adulta. O processo de mudança de sexo é moroso. Ele iniciou-o em 2001 e ainda lhe falta uma operação e nove meses para mudar de nome

Nasceu rapariga, mas nunca se identificou com o género feminino. Em criança, tentava, com frequência, urinar de pé. A mãe "via-se aflita". A ama "diz que era uma tristeza, que só queria usar calças e fatos de treino". Nunca entrou em "conversa com bonecas, operava-as todas".

Não sentiu rejeição na escola. "Achavam piada. Era uma maria-rapaz, queria era jogar futebol, batia em toda a gente", recorda. O pai ria-se, não tinha "uma rapariga pindérica". Quando lhe começaram a aparecer os seios, "foi um desespero". "Dava-lhes murros." Passou a usar t-shirt na praia. "Eu dizia que o meu sonho era ser homem, mas não sabia que era possível."

Com o desabrochar da sexualidade, Nuno passou a olhar para as raparigas, embora não arriscasse dizê-lo. A pressão da mãe, da ama, da madrinha, ia em crescendo. Chegaram a inscrevê-lo na Opus Dei - "foi um verdadeiro sucesso, fui a Paris ver o Papa. Estava tão revoltado. Para chatear, fazia tudo ao contrário, lembro-me de urinar de porta aberta".

Usava um elástico à volta do peito, para esmagar os seios. Tudo nele era tipicamente masculino. O seu comportamento, a sua roupa, o seu cabelo. Frequentava o 12.º ano. A crise de identidade doía como nunca. Desabafou com uma das suas melhores amigas, que sempre fora heterossexual. Sabia-o com nome feminino, mas via-o como rapaz. Algo de grandioso despontou.

O pai "ficou maluco"

Foi nessa altura que Nuno descobriu que podia mudar de sexo. Viu a transexual Rute Bianca num programa de televisão. "Andei três anos, de psicólogo em psicólogo, e ninguém sabia dizer nada. Até que vi, num carro à minha frente, uma gaja sempre a arranjar-se. Era a Rute Bianca. Foi ela que me indicou onde havia de ir." Já antes, Nuno deixara um alerta da Internet e recebera um telefonema de alguém a dizer ter informações. "O desespero era tanto que meti-me no carro de pessoas que nunca tinha visto." Nuno tinha 18 anos, soube que podia operar-se, enfrentou a família.

A mãe aceitou a decisão, sem surpresa. A ama apoiou. A avó pediu-lhe que nunca mais a visitasse, por "vergonha". E o pai "ficou maluco", pediu-lhe que o deixasse morrer primeiro. Saiu de casa. A família da namorada também reagiu mal. Mas tudo isso já lá vai.

Principiou o programa em Setembro de 2001. Fez uma batelada de testes nos Hospitais Universitários de Coimbra, que repetiu no Júlio de Matos, em Lisboa, onde iniciou terapia de grupo. Eram "para aí 30" pessoas, quase todas como ele. "Foi um alívio enorme pensar que havia mais."

À espera da "libertação"

Entre Junho de 2004 e Janeiro de 2006, fez cinco cirurgias. Ainda falta uma, mas não se queixa. "Tenho um colega que já foi ao bloco operatório dez vezes, tem tido rejeições."

O corpo e o espírito de Nuno encontraram-se, por fim. Já não tem seios, nem vagina. Tem "erecção, sensibilidade". Já não precisa de apoio psicológico. Agora, já só precisa do seu novo bilhete de identidade.

Não tem nada em seu nome - casa, carro, conta bancária. Está tudo em nome da mãe, "senão era a galhofa". Basta-lhe o que sofre no centro de emprego. "Cada vez que vou lá, é uma risota. Já tentei de tudo, desde ginásios, supermercados, ninguém me dá trabalho."

É licenciado em Educação Física. O director de curso punha-lhe o nome de rapaz nas pautas, no estágio, "em tudo" o que era visível ao exterior. E fazia documentos com o nome legal para registo oficial. Alguns colegas gozavam e Nuno sabe que "seria pior se fosse ao contrário", que o preconceito ataca mais os transexuais masculinos-femininos.

"Por causa do meu nome, não me dão emprego e, para mudar de nome, tenho de ir para tribunal", meneia. A falta de regulamentação é o entrave. "É preciso ir ao Instituto de Medicina Legal fazer perícia, pôr um processo ao Ministério Público e isto tudo custa à volta de três mil contos [15 mil euros]." O processo foi iniciado há dois anos. O julgamento foi marcado para Dezembro. Será "a libertação". O velho assento de nascimento será "rasgado, queimado, incinerado". Nuno poderá então casar-se com a mulher que com ele afrontou o mundo e a ele se uniu há quase sete anos. Já partilham um apartamento com vista para o mar, já têm almoços familiares aos domingos, como qualquer casal.