quinta-feira, 3 de junho de 2010

Touraine e Bauman dividem Príncipe das Astúrias

Dois conceitos: o de sociedade pós-industrial e o de modernidade líquida. O primeiro é de Alain Touraine e o segundo de Zygmunt Bauman, os dois sociólogos distinguidos ontem com o Prémio Príncipe das Astúrias 2010, na categoria Comunicação e Humanidades, por contribuírem "para a compreensão de questões fundamentais do nosso tempo".

"Representantes da mais brilhante tradição intelectual do pensamento europeu", foram distinguidos por terem criado "instrumentos conceptuais singularmente valiosos para entender o variável e acelerado mundo em que vivemos", diz a Fundação Príncipe das Astúrias.

Alain Touraine, nascido em França, em 1925, e director de Estudos da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, começou o seu percurso pela Sociologia do Trabalho e prosseguiu pelos movimentos sociais e suas transformações. Crítico da globalização, considera que esta isola o indivíduo. Sociologia da Acção (1965) foi a primeira das suas perto de 20 obras dedicadas a este tema. Zygmunt Bauman, britânico de origem polaca, nascido no mesmo ano que Touraine, é o criador da teoria da "modernidade líquida", na qual sustenta que a actualidade está em constante mudança e movimento. No livro com o mesmo nome, com primeira edição há dez anos, desconstrói o capitalismo globalizado e analisa a forma como este atenta contra a sociedade industrial. As suas teorias podem ser encontradas nas bases dos movimentos antiglobalização.

Bauman é ainda internacionalmente conhecido pela análise cruzada das relações entre a modernidade, o nazismo e o comunismo pós-moderno. Actualmente é professor emérito de Sociologia da Universidade de Leeds, no Reino Unido.

Touraine e Bauman recebem o prémio, de 50 mil euros, no Outono, em Oviedo, com os outros sete galardoados de outras categorias.